Almar Bastos, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro(SBACV-RJ) destaca que a doença é a 10ª causa de mortalidade em homens acima de 55 anos
A aorta é a maior artéria do corpo humano, ela garante que o sangue bombeado pelo coração seja direcionado para o resto do corpo. Para que o fluxo sanguíneo ocorra normalmente, é necessário que haja uma resistência das artérias, senão ele se acumularia em determinadas regiões. Um exemplo seria a forma como a água que corre pelo encanamento das casas.
O aneurisma da aorta abdominal (AAA) é uma deformação da principal artéria do nosso corpo, cujo diâmetro vai alargando ao ponto de as suas paredes ficarem tão frágeis que podem romper. Essa doença é caracterizada justamente pelo enfraquecimento e alargamento das paredes das artérias, permitindo que aconteçam acúmulos na região.
De acordo com o médico angiologista Almar Bastos, presidente da da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro (SBACV-RJ), a taxa de mortalidade pela doença é alta, podendo chegar a 97% dos casos, sendo o evento mais complexo dessa condição, a ruptura da artéria afetada, causando uma hemorragia interna.
A doença atinge, principalmente, homens acima de 65 anos que fumam. A condição é relativamente frequente em adultos com idade superior a 50 anos, sendo uma estimativa de 4 a 7% no sexo masculino, e 1% no feminino. “Vale ressaltar que o aneurisma de aorta é a 10ª causa de mortalidade em homens acima de 55 anos”, destaca Almar.
O aneurisma de aorta é definido de acordo com a localização dele no corpo, se dividindo entre a região abdominal e torácica. Costuma afetar mais a área abdominal, do que o tórax, embora as chances de ruptura do segundo tipo sejam maiores.
As duas categorias apresentam diferentes formações. Desta forma, elas mostram distinções estruturais em sua parede, no qual acredita-se que seja uma das causas da maior incidência de aneurismas abdominais. Já os aneurismas de aorta torácica são menos comuns, porém, costumam ser identificados acidentalmente na realização de exames, como: radiografia ou tomografia de tórax.
Especialista destaca como é o tratamento e os principais riscos do aneurisma de aorta
Na maioria das vezes, como se trata de uma condição assintomática, é essencial que o diagnóstico seja facilitado para que haja uma forma prática de identificar a doença. Um estudo publicado pelo The Journal Of Vascular Surgery, diz que existe uma recomendação para diminuir a taxa de mortalidade da doença. Trata-se da realização de uma ultrassonografia abdominal, ao menos uma vez na vida, por homens acima de 65 anos. Com esse exame é possível checar se ocorreu alguma alteração nas paredes da artéria.
O tratamento é realizado principalmente por meio de cirurgias que desviam o fluxo sanguíneo das artérias dilatadas, sem a necessidade de cortes e de forma indolor. Hoje, com a tecnologia e a presença de dispositivos cada vez mais adaptados à anatomia de cada paciente, é possível observar que a taxa de mortalidade operatória não ultrapassa 0,5%. Assim, os riscos de não fazer a cirurgia são muito maiores.
Segundo o presidente da SBACV-RJ, nem todos os aneurismas devem ser operados, porque não são todos que apresentam risco de romper. A operação não deve ser considerada cura da doença, mas sim de controle, pois pode haver casos de progressão, principalmente para aqueles que não mudaram o estilo de vida. O tratamento reduz drasticamente o risco de ruptura, mas, não necessariamente, o elimina.
Um dos riscos mais comuns do aneurisma de aorta é o tabagismo, somado a hipertensão, insuficiência renal, aterosclerose, doenças congênitas do tecido conjuntivo como Síndrome de Marfan, alguns tipos de infeção (aneurismas micóticos) e enfermidades inflamatórias nas paredes dos vasos sanguíneos. É preciso alertar que homens acima de 80 anos são os mais vulneráveis.
O tabagismo é o principal fator de risco associado à formação do aneurisma da aorta abdominal. Embora as pessoas fiquem anos sem fumar, existem efeitos que permanecem no corpo ao longo do período e continuam fazendo com que a artéria enfraqueça. Vários estudos inferem que alguma infecção viral ou bacteriana possa ser o gatilho para o início da doença.
Nesta condição, o maior risco é a ruptura, porém, existem outras preocupações também. Como se trata de uma dilatação na artéria, acontece uma mudança na velocidade e direcionamento do fluxo sanguíneo, fazendo com que, frequentemente, tenha trombos nas paredes arteriais, que podem obstruir a passagem do sangue.