Tratamento endovascular de aneurisma toraco-abdominal roto: acompanhamento de 48 meses

Autores:

  1. Fabricio M Zucco, cirurgião vascular e radiologista intervencionista, Hospital Santa Catarina de Blumenau
  2. Marco Rodrigo Ortiz, cirurgião vascular, Hospital São João Batista Criciúma, Hospital Unimed Criciúma
  3. Patrick Cardoso Candemil, cirurgião vascular, Hospital Santa Isabel de Blumenau
  4. Jorge Oliveira da Rocha, cirurgião vascular, Hospital Santa Catarina de Blumenau INTRODUÇÃO

O aneurisma toraco-abdominal (AATA) representa 10-15% de todos os aneurismas de aorta e destes 30% apresentam aneurisma sincrônicos (9). A técnica convencional ainda apresenta altos índices de morbimortalidade. Este relato tem o intuito de descrever o tratamento endovascular de um aneurisma AATA roto e em acompanhamento pelo período de 2011-2015.

RELATO

Paciente do sexo masculino, 60 anos, tabagista, etilista, hipertenso, revascularização miocárdica há 3 meses, 3 anos antes foi tratado de um aneurisma da aorta abdmoninal (AAA) em outro serviço.

Vinte e quatro horas antes do atendimental inicial apresentou dor abdominal de intensidade progressiva. A AngioTC identi cou um AATA Tipo III de Crawford, com um hematoma volumoso na região justa renal e sem extravasamento de constraste (foto 1).

Uma vez diagnosticado o AATA roto contido, foi proposto o tratamento endovascular pela técnica de Polvo descrita Kasiraian (1) e modi cada por Silveira (2).

TÉCNICA

Sob anestesia geral, acessos cirúrgicos nas regiões inguinais e infraclavicular esquerda, para confecção de um canal de trabalho com prótese de Dacron 10mm (foto 2). Equipamento Arco C Philips BV Endura.

Após a realização dos acessos cirúrgicosm foi feito o implante de uma endoprótese bifurcada ExcluderGore de forma controlada e sem liberação do ramo ipsilateral, na aorta toráxica. Após a cateterização do ramo contralateral, foi implantado uma endoprótese TAG Gore xando a Excluder e imediatamente feito a acomodação com cateter balão CODA – proximal e distal da endoprótese toráxica.

Uma vez o sistema estável, foram passados pelo conduto de trabalho duas bainhas Shuttle de 8Fr COOK e realizada a cateterização seletiva da artéria mesentérica superior (AMS) pelo ramo curto da Excluder e da artéria renal esquerda (ARE) pelo ramo longo da Excluder. Essa

con guração de exclusão do tronco celíaco (TC) e da artéria renal direita (ARD) deu-se devido m instabilidade hemodinânica do paciente durante o procedimento, optando-e por simpli cação da técnica tendo com grande preocupação a preservação da AMS e do seu ramo gastroduodenal.

Após o posicionamento das bainha Shuttle 8Fr, foram introduzidas seletivamente as endopróteses Viabhan 6mm dentro das artérias AMS e ARE e complementadas proximamente com Viabahn de 8m.

Pelo acesso inguinal, foram introduzidas as extensões da Excluder tendo uma sobreposição de 4cm e terminando as artérias ilíacas comuns, não foi realizado balonamento de acomodação no segmento onde havia sobreposição do Viabhan com a extensão de Excluder.

No pós-operatório, houve melhora do quadro hemodinâmico, mantido em ventilação mecânica por 72 horas. Apresentou amaurosa revertida após o quinto dia de internação e uma paresia dos membros inferiores com melhora parcial durante a internação. Alta hospitalar no décimo dia de pós-operatório.

O controle foi feito com AngioTC após 3 e 15 eses, tendo sido identi cada a perviedade das endopróteses, sem endoleak e com enchimento da AMS, do TC e ARE (fotos 2, 3). Função renal normal e níveis pressóricos sob controle medicamentoso. Estado nutricional normal e sem alteração da função hepática durante todo o período avaliado.

DISCUSSÃO

O AATA é a nova fronteira dos dispositivos endovasculares em que contribuições como as publicadas por Kasiraian (1), Silveira (2), Oderich (3) têm demonstrado novos rumos neste território.

O padrão até o momento para os AATA em pacientes jovens e com baixo risco é o tratamento convencional, porém mesmo que de forma eletiva apresentam uma taxa de mortalidade e morbidade alta (1, 2). Na tentativa de diminuir as complicações, foram descritos procedimentos

híbridos como o Debranching e VORTEC (Viabhan Open Revascularization Technique) que ainda persistem com índices altos de morbimortalidade.

As técnicas propostas por Krasijaram (1), Silveira (2) e Lobato (7) têm uma grande vantagem sobre as deais que é o tempo de resposta ao problema, por não serem necessárias alterações nas estruturas das próteses possibilitam agilidade no ínicio da intervenção. Porém, também não são isentas de complicações graves e demandam um planejamento adequado para a realização do procedimento.

Atualmente, as endopróteses rami cadas demonstra ser uma excelente alterantiva com resultados encorajadores como os apresentados por Oderich e Mendes (11) com o emprego da t- Branch, porém teríamos que tratar os quatro ramos viscerais, o que seria uma desvantagem em relação m técnica empregada, pois ao excluirmos o TC e ARD tornamos o procedimento sensivelmente mais rápido.

Por estarmos tratando de um AATA roto e em um hospital onde o tratamento desta patologia é ocasional e não rotineiro, optamos pela técnica endovascular Polvo e associando a modi cações sugeridas por Silveira (2). Devido m instabilidade do paciente, foi optado pela exclusão do TC uma vez que, na arteriogra a seletiva, identi camos uma arcada duodenal calibrosa e a artéroa renal esquerda com uma anatomia mais favorável.

Após 48 meses pode-se dizer que a técnica é factível e reprodutível, mas com cautela e bom senso no seu emprego. Ǫuando os novos dispositivos desenhados para o trataento desta patologia não estiverem amplamente disponíveis, essas alternativas técnicas são válidas para pacientes e situações realmente críticas.